Henry (ou Henri)
Marie Joseph Frédéric Expedite Millon de Montherlant (Paris, 21 de Abril de
1896 – Paris, 21 de Setembro de 1972) foi um escritor, ensaísta e romancista
francês.
Com raízes na
nobreza catalã, Henry de Montherlant decide desde muito novo que quer ser
escritor, começando por experimentar a escrita com um diário íntimo (que seria
destruído no final da sua vida). Depois da morte do seu pai, a sua educação
fica a cargo da sua mãe, que lhe transmite o seu amor pela literatura. Quo
Vadis de Henryk Sienkiewicz, que ela lhe dá a ler, marcará toda a sua vida e
proporcionar-lhe-á temas que ele explorará extensivamente na sua obra (a
amizade, os touros, Roma, e o suicídio).
A sua expulsão,
em 1912, do prestigiado Colégio Sainte-Croix de Neuilly-sur-Seine será tema
para duas das suas obras La Ville dont le Prince est un Enfant (1951) e Les
Garçons (1969).
Como grande
admirador das civilizações da bacia do Mediterrâneo (Roma Antiga, Espanha,
civilização Árabe) Montherlant viaja extensivamente pela zona e chega a viver
durante alguns anos na Argélia colonial, onde encontra, idealizando, a coragem
e virtude antigas que conhecia das suas leituras juvenis de Nietzsche.
Patriota e
anticolonialista, escreve Le Songe, sobre a amizade e a coragem dos
combatentes, e em vários artigos e obras diversas, desafiar o leitor a
levantar-se contra a Alemanha nazi (1936 a 1938). L'Équinoxe de Septembre será
proibido pelo ocupante. La Rose de Sable, onde descreve os excessos da França
colonialista, verá a sua edição fragmentada por uma trintena de anos, até 1968.
Depois do final
da segunda guerra mundial, procura evitar as lutas partidárias e consagra-se à
escrita de teatro, narrando a grandeza e miséria de homens e mulheres
destroçados pelas suas paixões, traídos e perdidos.
No pós-guerra
foi também autor de numerosos desenhos e esboços realizados numa mina de
chumbo, sketches representando detalhadamente cenas de tauromaquia, homens
vestidos de luz, e alguns nus femininos e masculinos. Renunciará posteriormente
ao desenho explicando que tout ce qui n'est pas littérature ou plaisir est
temps perdu (tudo o que não é literatura ou prazer é tempo
perdido).
Montherlant
esquiva-se do amor e das mulheres, com as quais se mostra sempre defensivo, mas
consegue penetrar na sua psicologia, através dos seus quatro romances sobre Jeunes Filles, que serão vendidos aos
milhões.
Depois de um
acidente, que quase o cegou, suicida-se em 21 de Setembro de 1972 na sua casa
do n.º 25 do quai Voltaire, em Paris, em coerência com os principais romances
da sua obra, pour échapper à l'angoisse de devenir aveugle
subitement (para escapar à angústia de ficar cego subitamente).
As suas cinzas
foram dispersas por Jean-Claude Barat, o seu herdeiro, e Gabriel Matzneff, em
Roma, no Fórum Boário, por entre as pedras do Templo de Portuno (Templo
da Fortuna Viril) e as águas do rio Tibre.
André Gide
chamou-lhe um senhor das letras; Montherlant seria eleito em 1960
para a Academia Francesa, sem nunca o ter solicitado.
Em várias
ocasiões Roger Peyrefitte, de quem foi amigo, fala dele sob o pseudônimo de
Lionel de Beauséant, sendo de particular relevo o capítulo que lhe é dedicado
em Des Français. Também é mencionado em La Mort d'une Mère, onde os seus
desígnios revelam sucessivamente o seu cinismo e o seu sentido de humor.
O culto do
segredo e a homossexualidade
Como o salienta
o seu principal biógrafo, Pierre Sipriot, Montherlant cultiva ao longo da sua
vida, uma forma de segredo que roçava a impostura: sobre as origens e a
natureza do seu sangue nobre, sobre a sua data de nascimento, que falsificou rejuvenescendo-se
de um ano (quis nascer a 21 de Abril, data da fundação de Roma, e mesmo a
Academia Francesa se confundiu, visto que regista oficialmente o seu nascimento
em 30 de Abril) e sobre a sua homossexualidade.
Uma aura poética
rodeia também a natureza dos seus ferimentos de guerra e as suas experiências
tauromáquicas. O grande escritor pretendeu ficcionar a sua vida, adaptando os
factos em função dos seus desejos.
Finalmente, na
sua vida privada mantinha uma vida dupla, como o revelou o seu amigo Roger
Peyrefitte, com quem partilhava a paixão pederasta por rapazes adolescentes.
Depois da sua
morte, todos estes novos elementos revelam novas perspectivas sobre a sua obra,
valorizando-a nalguns casos e relativizando-a noutros.
...
(com Wikipedia)
0 comentários:
Postar um comentário